Grão Mestre Aroldo Martins

ImagemGrao Mestre Aroldo Martins
Grão Mestre Aroldo Martins
Presidente da Confederação Brasileira de Taekwondo Marcial

Iniciei nas Artes Marciais informalmente com 12 anos de idade. A primeira modalidade foi o Judô e depois o Karatê. Imaginava ser Karatê, mas depois o professor ao ser questionado sobre o estilo, disse que era o Karatê Coreano. Depois começou a citar o nome Taekwondo. Isso ocorreu em Fortaleza, no Ceará. Já estava com a idade de 16 anos. Foi o meu primeiro contato com o Taekwondo.

Anos depois, fui treinar na Academia do Mestre Kim, em Botafogo no RJ. Fui morar em Nova York passei a treinar em Staten Island e Orange NJ.

Indo morar em Honduras, conheci o Grão Mestre Yong Liung Son, que teve grande influência no seu treinamento. As mudanças continuaram por vários países e treinei também com o Grão Mestre Park Chung Yong, Grão Mestre Kim Woo Jung e outros. Após voltar a viver no Brasil finalmente, meu Grão Mestre é Lee Woo Jae, que foi um dos pioneiros do Taekwondo no Brasil. Treinar em vários países me deu a oportunidade de conhecer vários estilos, várias escolas diferentes, além de treinar também Hapkido.

ImagemGrao Mestre Aroldo Martins
Mestre Aroldo Martins e seu filho Rafael em 1994

Agora começo esse novo desafio como presidente da Confederação Brasileira de Taekwondo Marcial com muitos planos para essa gestão. E, um dos objetivos principais, é popularizar aquilo que o Taekwondo sempre foi e a forma como o ele sempre foi conhecido. De um tempo para cá, mais ou menos de uns 20 anos para cá, e talvez até um pouco mais, o Taekwondo passou por uma grande transformação. A partir do momento que se começou a desenvolver mais o lado desportivo da competição do Taekwondo, e consequentemente houve uma aproximação do órgão oficial do Taekwondo da Coreia com o Comitê Olímpico Internacional, culminando com o Taekwondo tornando-se uma modalidade olímpica, isso de alguma maneira, trouxe grande prejuízo ao Taekwondo. Mas o que foi bom? Ótimo? A popularidade do Taekwondo cresceu de uma forma como nunca antes. Afinal, o Taekwondo como Arte Marcial e utilizando o nome Taekwondo é algo que não é tão antigo. É do final dos anos 60. Porque as Artes Marciais Coreanas com outros nomes que foram as formadoras e fundadoras do Taekwondo unificadas com o mesmo nome.

O que de ruim, então? Quando o Taekwondo se tornou uma modalidade olímpica e até mesmo quando era uma modalidade de demonstração, antes de se tornar olímpico, ele precisou é claro, agradar os olhos de quem assistia, e acabou por deixar de ser aquilo que ele era: a força, a origem, a raiz, a tradição da Arte Marcial conhecida como Taekwondo. A partir do momento que ele se tornou uma modalidade olímpica, ele sofreu inúmeras mudanças. Mudanças de regras, mudanças nas proteções que os atletas utilizam, a forma de pontuação e o mais significante, a aplicação dos golpes, chutes, e a falta de socos. Um novo estilo foi mentalmente criado. E com isso, o Taekwondo Olímpico empobreceu a Arte Marcial do Taekwondo. E isso acontecendo, o Taekwondo competição olímpica passou a ser conhecido como “isso é Taekwondo”, quando, na verdade, o Taekwondo Olímpico é parte daquilo que é o Taekwondo. Mas não é a beleza do Taekwondo. Ali não há tradição, não existe originalidade, ali não há a Arte Marcial, a filosofia, a história, a hierarquia, a liturgia do Taekwondo. Ali existe uma competição olímpica simplesmente! É como se fosse a pontinha de um Iceberg, mas tudo que o Taekwondo é como Arte Marcial, na tradição original e raiz, está toda escondida e ninguém conhece na competição olímpica. Tome como exemplo o box olímpico e o box tradicional e veja a diferença!

ImagemGrao Mestre Aroldo Martins

A nossa trajetória agora começa como Presidente da Confederação Brasileira de Taekwondo Marcial em mostrar para o povo brasileiro que o Taekwondo é muito mais que aquilo que se tem conhecido.

Para que vocês tenham uma ideia, nós temos uma tristeza muito grande de poder falar que em 2016, nas Olímpiadas do Rio de Janeiro, houve situações em que lutas olímpicas de Taekwondo foram vaiadas. E Grão Mestres que lutaram para trazer da Coreia para trazer o Taekwondo para diversos países, inclusive aqueles que foram pioneiros em trazer com suor e com lágrimas, com sacrifício e separação de famílias, com desafios, tendo que demonstrar muitas vezes através de disputas e lutas, a agilidade, a beleza e a força do Taekwondo, ver o Taekwondo nas Olímpiadas sendo vaiado. Por quê? Pela falta de competividade, pela fraqueza com que as regras permitem que o combate possa acontecer.

ImagemGrao Mestre Aroldo Martins

Eu me sinto frustrado quando vejo luta olímpica porque é muito pobre. As regras que estão sendo desenvolvidas estão fazendo o Taekwondo andar para trás. E até quando no início que se começou o Taekwondo nas Olímpiadas e se via ainda um pouquinho de beleza, agora com as novas regras, novas formas de pontuação, com a maneira que as pontuações são feitas através de sensores nos pés, no peito, sensores que demonstram o golpe que foi dado tira a beleza do Taekwondo. E passa a ser estranha, sem ação, sem desafio, sem beleza, e não mostra aquilo que o Taekwondo é. O importante é pontuar, chute fácil e recua. Não há uma sequência e dureza de golpe, apenas tocar, pontuar e esperar o relógio! Acabou! Triste!

O meu trabalho como presidente da Confederação Brasileira de Taekwondo Marcial é trazer de volta, juntamente com o Grão Mestre Woo Jae Lee e outros Grão Mestres e Mestres que nós temos na CBTMARCIAL, o Taekwondo completo.

ImagemGrao Mestre Aroldo Martins

Como deputado federal, nós acabamos de criar a Frente Parlamentar Mista em Apoio às Artes Marciais, juntamente com outros deputados federais que estão envolvidos em Artes Marciais diferentes, trazer para o cenário da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, audiências públicas, seminários e o assunto do apoio que as Artes Marciais precisam no Brasil, porque se elas fossem melhor assistidas e recebessem mais apoio, fariam uma contribuição enorme na educação de crianças, na disciplina, na formação do caráter, em tirar jovens dos vícios e da marginalidade, e trazê-los para os trilhos.

Para finalizar, gostaria de dizer que vamos desenvolver também na nossa presidência à frente da Confederação Brasileira de Taekwondo Marcial um trabalho pedagógico e familiar para trazer crianças para o Taekwondo e que os pais vejam no Taekwondo um lugar onde eles devem colocar os filhos para que possamos desenvolver um trabalho desde pequeno com duas ou três gerações na mesma família estando envolvidas no Taekwondo. E vamos também, por último, porém não menos importante, dizer que desejamos fazer com que ex praticantes de Taekwondo, amantes do Taekwondo, que por alguma razão se afastaram do Taekwondo, mas que sempre amaram o Taekwondo tradicional que eles conhecem e que estão hoje com 50, 60 anos, como eu, eles possam ver que existe uma Confederação que está querendo revitalizar o Taekwondo e que eles se sintam bem novamente e que voltem para o Dojang para treinar o Taekwondo que eles sempre amaram.